
90 anos de Crea-SP
Quantas histórias cabem em 90 anos? No Crea-SP, são
infinitas e os números dão uma ideia. Entre 370 mil profissionais, 95 mil
empresas, 25 mil novos formandos por ano, 1,5 mil instituições de ensino, 700
colaboradores e 188 entidades de classe cabe um universo de vidas impactadas
pela autarquia, seja direta ou indiretamente. Isso sem contar o relacionamento
com órgãos públicos e a fiscalização diária presente nos 645 municípios
paulistas, que têm a finalidade de contribuir com a segurança de toda a sociedade.
Para entender um pouco mais a dimensão de nove décadas de
atuação, que tal ouvir as pessoas que estão conectadas a esse grande
ecossistema? Quem começa a contar essa jornada é a presidente Eng. Lígia
Mackey, com um relato pessoal: “A minha relação com o Sistema Confea/Crea e
Mútua começou pela Associação de Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia
de Rio Claro (AERC). Foi uma transição muito importante para a minha
trajetória, pois só quando ingressei que passei a entender a importância de ter
um instituição representando as profissões e atuando em defesa dos
profissionais”.
Fazer funcionar o maior Conselho de fiscalização
profissional da América Latina é um desafio e tanto. Ao longo dos anos, muita
coisa mudou e quem tem mais tempo de casa pôde perceber isso. Até mesmo o
registro profissional que, antes, era solicitado de forma presencial e
datilografado e, atualmente, está na palma da mão pelo aplicativo de serviços
do Crea-SP e com a opção de carteira digital. “A Faria Lima era o centro das
operações, cheguei a fazer 80 carteiras por dia”, testemunha Auro de Moraes,
assistente administrativo da Equipe de Procedimentos e Desburocratização. A
colega e agente administrativa Adriana Regina Norkevicius lembra que, naquela
época, a fila para pagar anuidade chegava a dobrar o quarteirão.
A sede da Avenida Brigadeiro Faria Lima a que eles se
referem, localizada na Zona Oeste paulistana, ainda pulsa como central das
decisões e estratégias, mas as atividades que eram concentradas por ali já
percorrem todo o estado de São Paulo. Foi na última década que as
transformações no jeito de executar os serviços e apoiar os profissionais
começaram a se consolidar com mais expressividade. “Percebemos a diferença.
Passamos a atuar como solucionadores dos problemas, criando práticas para
melhorar a rotina dos colaboradores e, com isso, avançar em um novo perfil de
Conselho, que passou a ser mais participativo, acolhedor e inovador”, explica
Lígia.
Os resultados da nova cultura organizacional são vistos na
ampliação da diversidade – com a primeira presidente mulher nesses 90 anos -,
nos recordes de fiscalização – em 2023, foram mais de 774 mil ações
fiscalizatórias realizadas – e nas entregas inovadoras que inspiram os outros
Estados. “A ideia de um Crea-SP a serviço do profissional nunca antes se fez
tão real como agora. Deixamos claro o fundamental papel que a área tecnológica
desempenha e o quanto podemos avançar em termos de qualidade de vida, crescimento
econômico, preservação ambiental e tantos outros assuntos técnicos quando um
responsável técnico é amparado e valorizado”, defende Lígia.
Precursor desse movimento, o atual presidente do Confea,
Eng. Vinicius Marchese, foi quem incitou a mudança de dentro para fora durante
seus mandatos no Crea-SP. “Se você me perguntar quais foram os projetos mais
importantes das minhas gestões, vou dizer que eles foram consequência do início
de um processo de mudança na cultura organizacional e estrutural”, afirma
Vinicius. “Ser reconhecido como a pessoa que conseguiu mudar o jogo é para mim
o maior reconhecimento que pode haver”.
90 anos de entregas para a sociedade
“Qualquer coisa tem Engenharia por trás”. A fala do Eng.
Pasqual Satalino, de 81 anos, diz muito sobre a relação que a autarquia está
construindo com a sociedade por meio da conscientização sobre o papel do
profissional da área tecnológica e a importância de ter ele presente em
qualquer atividade técnica que exija essa formação e conhecimento. Isso porque,
como conta Pasqual, “o mundo está em constante desenvolvimento” e esse
desenvolvimento, para ser ordenado e efetivo, precisa de direção, planejamento
e, acima de tudo, estratégia.
É nesse meio que estão as profissões das Engenharias,
Agronomia, Geociências, Tecnologia e Design de Interiores. Presentes em cada
etapa dos mais diversos setores econômicos. Na vida pública e privada. Na
cidade e no campo. A área tecnológica permite o avançar da tecnologia e da
ciência, possibilita a criação de soluções e trabalha em prol da segurança e da
qualidade de vida. “Os engenheiros são educados para resolver problemas. Quanto
mais complexos esses problemas, mais somos desafiados”, argumenta o Eng.
Maurício Pazini Brandão.
Depois de 90 anos, ainda existem desafios? “Não faltam”, adianta Lígia. É neste momento que os profissionais precisam se reinventar e o Conselho também. Tecnologia de ponta, emergência climática, adensamento populacional, segurança alimentar. Os temas que estampam os noticiários exigem articulação, capacitação contínua e visão de futuro. “Trazendo esse olhar para a sociedade, conseguimos entender que juntos, Crea-SP e profissionais, não tem como dar errado”, finaliza a Eng. Nauany Xavier Rodrigues, integrante do Comitê Gestor do Programa Mulher.